sábado, 31 de março de 2007

Reflexões

ReflexõesBoechat – TV BandeirantesA redução da maioridade penal é consenso na sociedade? Eu não me lembro de ter aderido a esse consenso nunca. Atenção ao que vemos e escutamos na TV! Vamos ser críticos e não aceitar que qualquer um se faça de nosso porta-voz. Muitas vezes os nossos interesses não se conciliam com os interesses daqueles que dizem defender-nos.
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Causam-me surpresa as últimas declarações do governador Sérgio Cabral a respeito de temas polêmicos, como jogo de bicho, aborto e drogas leves, que diz não ter medo de abordar. Não me lembro de que tenha defendido claramente suas opiniões sobre essas questões na campanha eleitoral do ano passado.Sobre o argumento que associa repressão a essas atividades com a perda de dinheiro do Estado gostaria de lembrar que o aborto é um atentado a uma vida que não tem possibilidade de defesa. Explorar jogo, seja qual seja, pode ser muito rentável, mas não o é para quem perde suas economias, fundamentais para o sustento de suas famílias, na ilusão alimentada de ganhar um prêmio que mudaria suas vidas. Por fim, no que respeita as drogas ditas leves, elas são a porta de acesso as mais pesadas. Somado a isso, teremos os gastos com saúde pública no tratamento das conseqüências do vício. Os homens públicos têm que ser exemplos para a sociedade. ===================================================================
Sobre a morte da menina Alana Ezequiel, morta por um tiro de fuzil nas costas durante troca de tiros no morro dos Macacos, gostaria de saber quando o Senhor Governador Sérgio Cabral visitará a mãe que perdeu sua filha de forma trágica, a faxineira Edna Ezequiel, como fez com a mãe de João Hélio. Os nomes dessas vítimas não podem se apagar nas nossas memórias.
Enviado por: Marco Aurélio

Lápis e papel na mão

Fausto Wolff para o Jornal do Brasil - 18/01/2007, Caderno B: Não são muitos - felizmente - os leitores que escrevem dizendo que o socialismo não deu certo nem no Haiti, ou que Marx está superado, como se alguma vez sua filosofia humanista houvesse sido posta em prática integralmente. A essência do marxismo está contida numa famosa declaração de 1845, extraída de seus textos: “Os filósofos apenas interpretaram o mundo de várias maneiras. A questão é modificá-lo.” Isso significa que, para Marx, todos os problemas nasciam do modo como a sociedade era organizada. Só através da justiça social o homem terá condições de ser feliz. Até hoje ninguém me provou que um homem realmente inteligente pode se preocupar com a futura fortuna dos seus bisnetos em vez de preocupar-se em melhorar a si mesmo como ser humano e assim melhorar o mundo. O Manifesto diz, em seu final: “Os proletários não têm nada a perder, além dos seus grilhões, e têm um mundo a conquistar. Trabalhadores de todos os países, uni-vos!“. A Essência do cristianismo, de Hegel, foi o livro que mais influenciou o jovem Marx. O deus que Feuerbach manteve numa formulação praticamente existencialista não era mais do que a essência do próprio homem: abstratamente e falsamente “objetificada” e então cultuada. O próximo estágio deveria ser, portanto, substituir o amor do homem por Deus pelo amor do homem pelo homem. Um homem que ama a si próprio e aos semelhantes já é, naturalmente, um cristão, sem necessariamente acreditar em qualquer Deus. “Não é a consciência que determina a existência; é a existência que determina a consciência“, escreveu Marx. Um homem ignorante abandonado pela sociedade só poderá decidir entre a subordinação escrava e o crime. Para Marx, o homem é moldado pela sociedade. Embora negasse a religião ele mesmo, jamais desconsiderou a qualidade dos sentimentos religiosos. Ironicamente, a vigorosa vida que existe dentro do marxismo, e especialmente a do marxismo-cristão do século 20, estava ruindo, pois os teólogos da Libertação perderam a guerra contra o clero evangélico-vigarista do estilo Igreja Redentor. O cristianismo socialista voltou a tomar força com Chávez, Correa e Morales, três homens do povo eleitos democraticamente e que a grande democracia dos EUA não quer reconhecer. Quando o lucro desculpa tudo, tudo é possível. As distinções de classe se tornam cada dia mais visíveis: os ricos, uma pequena classe média, um bolsão de pobreza e ignorância e outro de miséria física e mental. Os dois últimos blocos não pensam, são como personagens e assistentes do Big Brother. Votarão eternamente em Lula, pois não votam num nome, mas numa imagem na qual se vêem refletidos. Com dinheiro e armas é fácil para os algozes negarem que o trabalho de um homem produz um valor superior às suas necessidades. O excesso (ou surplus) se transforma em capital para os proprietários da produção. Marx acreditava que um camponês, dono de sua terra, ao final do dia podia decidir se trabalharia uma hora a mais e se a dor na costas compensaria o lucro. O operário na fábrica não tem essa escolha. O diagnóstico de Marx é o de que o sistema capitalista não é, de modo algum, natural para seres humanos. Nele, o homem é um ser alienado da natureza e de si mesmo. Sente-se à parte do seu trabalho, porque não pode contribuir, com ele, para a comunidade. Ele é apartado de si mesmo, pois, embora trabalhe, não tem acesso aos resultados do próprio trabalho. Uma das grandes falácias sobre o marxismo é que ele não dá suficiente importância à vida interior dos indivíduos. Ora, é somente quando se sente livre que o homem constrói sua individualidade e se torna senhor do seu destino. Só se consegue isso no capitalismo através da exploração, do roubo e da loteria esportiva, outra forma de roubo. Com as mudanças ocorrendo em quase toda a América Latina, e Bush atolado em seus crimes no Oriente, não há momento melhor para reconsiderar os argumentos de Marx à luz dos nossos tempos, à luz de métodos mais precisos e refinados de análise moderna. É preciso entender a hora de entregar alguns anéis para não perder os dedos.

A revolução não será televisionada

A revolução não será televisionada
11/09/2006
John Pilger
O meu primeiro documentário para a televisão foi The Quiet Mutiny [O motim silencioso], realizado em 1970 para a Granada. Era um filme inusual, entrelaçado de ironia e farsa, como que um Catch-22 factual, filmado num estilo gentil, quase lírico por George Jesse Turner. A história era algo como uma revelação em primeira­ mão: o grande exército dos Estados Unidos no Vietname estava a desintegrar­‑se à medida que recrutas irados levavam a sua rebelião de casa para os campos de batalha do Vietname. A evidência do filme de soldados disparando contra os seus oficiais e recusando-se a combater causou um furor entre os guardiães da verdade oficial. O embaixador norte­‑americano na Grã­‑Bretanha, Walter Annenberg, um velho amigo do presidente Richard Nixon, telefonou a Robert Fraser, director da Independent Television Authority (ITA) [Autoridade de Televisão Independente]. Embora não tivesse visto o filme, Robert estava apopléctico. Intimando os executivos da Granada, ele bateu na secretária e descreveu­‑me como «um subversivo extremamente perigoso» que era «anti­‑americano». Isto surpreendeu Bernstein, o fundador libertariano da Granada, que protestou que The Quiet Mutiny tinha recebido muitos louvores do público e, longe de ser anti­‑americano, só tinha mostrado simpatia pelo desespero dos jovens soldados apanhados numa guerra sem esperança. Quando voei para Nova Iorque e o mostrei a Mike Wallace, o repórter estrela do programa “60 Minutes” da CBS, ele concordou. «É uma verdadeira vergonha que não o possamos mostrar aqui», disse.Este medo e desgosto chegaram como uma surpresa para mim. Eu era um jornalista ingénuo nos meandros da televisão, especialmente sobre quão longe o poder estabelecido ia para a controlar. A longa lista de programas banidos, censurados e adiados sobre a Irlanda é testemunha disto, tal como o são os ficheiros desclassificados sobre a verdadeira razão pela qual The War Game, a brilhante recreação de Peter Watkins de um ataque nuclear contra a Grã­‑Bretanha em 1965, foi banido. (Na época, a BBC tinha mentido ao dizer que as “pessoas sensíveis” não seriam capazes de suportar assistir a The War Game. Na verdade, a BBC tinha entregue secretamente ao governo o controle editorial, com uma nota de Normanbrook, presidente do conselho de administradores, explicando que, embora o filme fosse «baseado em investigação cuidadosa de material oficial (...) e produzido com contenção considerável», a sua transmissão «poderia ter um efeito significativo sobre a atitude do público em relação à política de dissuasão nuclear».)Quase todos os mais de 50 filmes que fiz para a ITV (e uma série para o Channel 4) tiveram de navegar através de um sistema que raramente declara a sua intenção de criar e moldar a opinião pública. A BBC exemplifica isto, com a sua especiosa neutralidade, equilibrando miticamente extremos que se digladiam enquanto expele um fluxo de assunções oficiais e enganos como “notícias”. Na sua juventude, a televisão comercial britânica era diferente. Ao contrário dos seus equivalentes em qualquer outra parte do mundo, reteve um núcleo de pessoas que, como Bernstein, defenderiam aqueles que desafiavam a sabedoria recebida. Certamente, os meus colaboradores incluíram alguns dos melhores e mais arrojados, entre os primeiros os três jovens renegados da BBC que em primeiro lugar me sugeriram a televisão num restaurante de Soho em 1969. Os realizadores Paul Watson, Charles Denton e Richard Marquand eram produtos dos breves e esclarecidos anos de Hugh Greene na BBC. Reunidos pelo destacado actor David Swift, o nosso propósito, nas palavras de Watson, era «levar os documentários para além dos limites estabelecidos para o pessoal da BBC e trazer para a televisão assuntos indigestos para as hierarquias». Acreditávamos que faltava uma dimensão muito séria ao jornalismo que não fosse esclarecido pela opinião, pela ironia, pelo humor, pela compaixão e pelo engajamento. As nossas inspirações eram One Pair of Eyes, de James Cameron, e See It Now, de Edward R. Murrow.A ideia foi apanhada por World in Action, o marco de documentários da Granada que foi pioneiro de tanto jornalismo poderoso. Fui um dos primeiros repórteres de World in Action a aparecer à frente da câmara, encorajado por Charles Denton a não falar em “código da BBC” e a dizer claramente «o que tu próprio descobriste». De uma base norte­‑americana perto da fronteira cambojana, saímos em patrulha com um pelotão de “grunts” (homens destacados), no que eles chamaram «terra índia» (índia = vietcong). Não vimos nenhum vietcong. O que vimos foi uma galinha, que o sargento presumiu ser uma galinha vietcong e por isso digna de menção no seu registro como um «inimigo avistado». Quanto escrevi isto no meu comentário, um executivo da Granada queria saber a fonte da minha afirmação de que a galinha tinha filiação comunista. Depois de alguma agradável conversa nesta toada, apercebi­‑me que ele estava a falar a sério. «A ITA precisa de saber estas coisas», disse. «Não ficarão contentes a não ser que os tranquilizemos». Propus que a galinha permanecesse no filme como um companheiro de viagem, se não como portador de cartão [do partido], e isto foi aceite.Robert e Normanbrook estavam certos: o documentário político é de facto perigoso, porque pode circundar o clube que une e domina o poder político e jornalístico estabelecido. Além disso, o documentário como um “acontecimento” televisivo pode enviar ondas vastas e para longe. Year Zero: the silent death of Cambodia, que realizei com David Munro em 1979, fez isso. Year Zero não só revelou o horror dos anos de Pol Pot, mostrou como o bombardeamento “secreto” desse país por Nixon e Kissinger tinha proporcionado um catalisador para a ascensão dos Khmeres Vermelhos. Também expôs como o ocidente, conduzido pelos Estados Unidos e pela Grã­‑Bretanha, estava a impor um embargo, como um cerco medieval, ao país mais devastado da Terra. Esta era uma reacção ao facto de o libertador do Camboja ter sido o Vietname – um país que viera do lado errado da guerra fria e que tinha recentemente derrotado os EUA. O sofrimento do Camboja era uma vingança premeditada. A Grã­‑Bretanha e os EUA apoiaram mesmo o pedido de Pol Pot de que os seus homens continuassem a ocupar o assento do Camboja na ONU, enquanto Margaret Thatcher impediu que leite para crianças fosse enviado para os sobreviventes do seu regime de pesadelo. Pouco disto foi reportado.Se Year Zero tivesse simplesmente descrito o monstro que Pol Pot era, teria sido rapidamente esquecido. Ao reportar o conluio dos “nossos” governos, contou uma verdade mais ampla sobre como o mundo era dirigido. Até George W. Bush e Tony Blair terem forçado a sua sorte no Iraque e no Líbano, isto permaneceu um tabu.«Solidariedade e compaixão agitaram-se em toda a nossa nação», escreveu Brian Walker, director da Oxfam. Dois dias depois de Year Zero ter ido para o ar, 40 sacos de correio chegaram à ATV (posteriormente, Central Television) em Birmingham – 26.000 cartas de primeira­ classe só na primeira remessa. A estação juntou rapidamente 1 milhão de libras, quase todo em pequenas quantias. «Isto é para o Camboja», escreveu um condutor de autocarros de Bristol, incluindo o seu salário da semana. Pensões inteiras foram enviadas, juntamente com poupanças inteiras. Petições chegaram a Downing Street, uma após outra, durante semanas. Os deputados receberam centenas de milhares de cartas, exigindo que a política britânica mudasse (o que aconteceu, eventualmente). E nada disso foi pedido.Para mim, a resposta do público a Year Zero mostrou a mentira dos lugares­‑comuns sobre o “cansaço da compaixão”, uma desculpa que alguns emissores e executivos de televisão usam para justificar a actual descida ao cinismo e à passividade da Big Brotherland. Acima de tudo, aprendi que um documentário poderia reclamar memórias históricas e políticas partilhadas, e apresentar as suas verdades escondidas. A compensação era então um público compassivo e informado; e ainda é.

Passe Livre Cassado

23/12/2006 20:00:38 Passe Liver Cassado
Hoje fui acordado da pior forma possível. Uma péssima notícia me foi transmitida por meu pai. Ele tem 65 anos e é interessado direto no assunto. Os Jornais O Dia e Extra publicaram na primeira página que o passe livre de estudantes, idosos e deficientes físicos fora cassado aqui no município do Rio de Janeiro. Fiquei perplexo! Não acreditei de pronto, julguei que estivesse muito sonado ainda, que não entendera direito. Pedi que me repetisse e meu pai infelizmente o fez. Ele precisava sair e se despediu. Não satisfeito, me levantei rapidamente e fui à banca de jornal. Era verdade mesmo...De posse do jornal, depois de lida a notícia, que dava conta de que o Órgão Especial do Tribunal de Justiça declarou inconstitucional o artigo da Lei 3.167/2000 que instituía as gratuidades. O prefeito César Maia, consultado a respeito, disse que a gratuidade é lei orgânica do município e tem mais de 30 anos. Fala que as tarifas sempre incorporaram as gratuidade. aponta uma alternativa de redução em 50% da tarifa. Desembargadores reconheceram que a lei não aponta a fonte de custeio, como determina a constituição do Estado. A maioria acolheu o voto do relator, Roberto Wider. O sindicato das empresas de Ônibus do Município do Rio de Janeiro pretende com a decisão ter poder de barganhar com o poder municipal. As empresas alegam que 45% do total das passagens são gratuidades cujos custos são arcados pelo empresários e passageiros pagantes. Fala-se na possibilidade de compensação de impostos para que as gratuidades sejam mantidas.Penso, em primeiro lugar, que os senhores desembargadores do`Órgão Especial do Tribunal de Justiça são ALIENADOS DA REALIDADE DE QUEM É USUÁRIO DE ÔNIBUS. NUNCA ENTRARAM EM UM, O MAIS PERTO QUE CHEGAM DESSE TRANSPORTE É QUANDO ESTES EMPARELHAM COM SEUS MODESTOS CARROS NAS RUAS. Esses senhores não possuem parentes que necessitam desse transporte.Se as tarifas, como dizem o prefeito, já incorporam as gratuidades, porque dessa atitude? As empresas alegam que arcam com parte do custo... estão porventura tendo prejuízo? Cancelem a conceção das linhas, deixem o negócio se está dando prejuízo. Os empresários não podem arcar com nenhum custo porque? São intocáveis? E se receberem isenções de impostos, é a população que vai arcar com mais essa? Nós perdemos, mas eles não podem? Os empregados das empresas de ônibus relatam que o menor prejuízo que esses empresários tem nos carros, sejam pequenas avarias, sejam as GRATUIDADES EM EXCESSO SÃO DESCONTADAS DESSES PROFISSIONAIS! OS EMPRESÁRIOS TEM UMA EXCELENTE CONSCIÊNCIA SOCIAL! Mais uma vez repito: EMPRESÁRIOS, SE ESTÃO TENDO PREJUÍZO LARGUEM AS CONCESSÕES QUE RECEBERAM PARA EXPLORAR O TRANSPORTE QUE É PÚBLICO!Por fim, deixo aqui minha posição: se esse fato se consumar, eu não vou de ônibus para o trabalho nem para a faculdade, e olha que dependo muito desse meio de transporte. Vou de metrô, de trem ou de barca... vou até a pé ou de bicicleta, mas me recuso a pegar ônibus. EU USEI A GRATUIDADE QUANDO ESTUDANTE MUNICIPAL E ESTADUAL E MEU PAI USA. ISSO É DE INTERESSE PÚBLICO. PENSO QUE ESSES EMPRESÁRIOS ENTENDERÃO MUITO BEM O RECADO QUANDO ISSO DOER-LHES NOS BOLSOS. A semente está lançada.

Nenhuma notícia é fria - John Pilger, 14/09/2006

Quando comecei a trabalhar como jornalista, havia algo chamado “notícias frias”. Referíamo­‑nos a “dias de notícias frias” quando nada acontecia – aparte, claro está, triunfos e tragédias em lugares distantes onde a maior parte da humanidade vivia. Estes raramente eram relatados, ou as tragédias eram descartadas como actos da natureza, independentemente das provas em contrário. O valor das notícias de sociedades inteiras era medido pela sua relação “connosco” no ocidente e o seu grau de acatamento, ou hostilidade, à nossa autoridade. Se não se ajustassem, eram notícias frias.Pouco destas concepções mudaram. Para mantê-las, milhões de pessoas permanecem invisíveis, e descartáveis. No 11 de Setembro de 2001, enquanto o mundo lamentava as mortes de quase 3.000 pessoas nos Estados Unidos, a Organização para a Alimentação e a Agricultura [FAO] das Nações Unidas relatava que mais de 36.000 crianças haviam morrido devido aos efeitos da pobreza extrema. Elas foram notícias muito frias.Vamos tomar uns poucos exemplos recentes e comparar cada um deles com as notícias regulares tal como são vistas na BBC e alhures. Manter em mente que os palestinos são cronicamente notícias frias e que os israelenses são notícias regulares.Notícia regular: Charles Clarke, porta-voz de Tony Blair, «revive a batalha de Downing Street» e chama Gordon Brown de «estúpido, estúpido» e um «obcecado pelo controle». Ele desaprova o modo como Brown sorri. A isto é dada cobertura até à saturação.Notícia fria: «Um genocídio está a ter lugar em Gaza», adverte Ilan Pappe, um dos principais historiadores de Israel. «Esta manhã... outros três cidadãos de Gaza foram mortos e uma família inteira ferida. Isto é a colheita da manhã; antes do fim do dia muitos mais serão massacrados».Notícia regular: Blair visita a Cisjordânia e o Líbano como um «pacificador» e um «intermediário» entre o primeiro­‑ministro israelense e o «moderado» presidente palestino. Mantendo uma expressão indiferente, ele adverte contra «demagogias» e «distribuir culpas».Notícia fria: Quando o exército israelense atacou a Cisjordânia em 2002, arrasando casas, matando civis e destruindo lares e museus, Blair foi avisado previamente e deu “o sinal verde”. Ele também foi avisado acerca dos recentes ataques israelenses a Gaza e ao Líbano.Notícia regular: Blair disse ao Irão para prestar atenção ao Conselho de Segurança da ONU sobre «não avançar com um programa nuclear».Notícia fria: O ataque israelense ao Líbano fazia parte de uma sequência de operações militares planeadas cuidadosamente, das quais a próxima é o Irão. As forças americanas estão prontas para destruir 10.000 alvos. Os EUA e Israel contemplam a utilização de armas nucleares tácticas contra o Irão, muito embora o programa de armas nucleares do Irão seja não­‑existente.Notícia regular: «Temos estado a fazer progresso real em áreas onde a insurgência tem sido mais forte», diz um porta-voz estadunidense no Iraque.Notícia fria: Os militares estadunidenses perderam todo o controle sobre a Província al-Anbar, a oeste de Bagdade, incluindo as cidades de Faluja e Ramadi, as quais estão agora nas mãos da resistência. Isto significa que os EUA perderam o controle de boa parte do Iraque.Notícia regular: «É bastante claro que tem sido feito progresso real [no Afeganistão]», diz o Foreign Office.Notícia fria: pilotos da NATO matam 13 civis afegãos, incluindo nove crianças, durante um ataque para «proporcionar cobertura» às tropas britânicas com base em Musa Kala, na Província Helmand.Notícia regular: Blair é o primeiro-ministro trabalhista com mais êxito, pois venceu três eleições consecutivas de modo esmagador.Notícia fria: Em 1997, Tony Blair recebeu menos votos populares do que os Conservadores de John Major em 1992. Em 2001, Blair recebeu menos votos populares do que os trabalhistas de Neil Kinnock em 1992. Em 2005, Blair recebeu menos votos populares do que os Conservadores em 1997. As últimas duas eleições produziram a mais baixa participação desde a cidadania. Blair tem o apoio de pouco mais de um quinto da população eleitora britânica.Notícia regular: Na era de Blair «a ideologia rendeu-se inteiramente aos “valores”... não há vacas sagradas nem limites fossilizados para o terreno sobre o qual a mente pode estender-se na busca de uma melhor Grã­‑Bretanha», escreveu Hugo Young, The Guardian, 1997.Notícia fria: «Nuremberg declarou que a guerra agressiva é o supremo crime internacional. Eles [Bush e Blair] deveriam ser julgados juntamente com Saddam Hussein», afirma Benjamin Ferencz, promotor chefe dos crimes nazis em Nuremberg.http://infoalternativa.org/midia.htm

Natal de quem?


Dezembro, festas de fim de ano, confraternizações de trabalho e faculdade, agitação nas ruas e nos centros comerciais. A mídia vende-nos a necessidade de presentes, de oportunidades de compra a prazo com pagamento depois do carnaval, mostra comerciantes falando da expectativa de superar vendas de anos anteriores. A ceia de Natal é planejada antecipadamente, o consumo de carnes de animais cresce em proporções significativas. As famílias se reúnem em torno da mesa farta, trocam-se presentes, dão-se o clássico “feliz Natal” e depois acabou. As pessoas vão dormir e esperar a próxima festa, o Ano Novo, onde outras expectativas serão criadas. Desse falamos depois.Muito pouco tenho escutado falar no nome daquele que seria o aniversariante da noite. Muito se tem falado em Papai Noel, figura que dizem remeter a São Nicolau, pela tradição de distribuir coisas. Precisava-se de alguma figura simpática que de alguma forma desse respaldo para o homem do trenó. Mas a pergunta que fica é: de quem é o Natal, de Jesus ou de Papai Noel? A resposta pode surpreender a muitos, mas eu diria que atualmente, para a maioria é de Papai Noel! Explico-me. A ênfase que temos dado a essa data tem sido a de troca de presentes, a reunião onde as pessoas estão preocupadas em comer bem, receber e dar presentes. Assimilamos de forma não pensada, inconscientemente, a onda de que o mais importante é ter coisas, acumular. Nunca como nessa época, as propagandas do comércio são tão incisivas. É um Natal interesseiro onde a mortandade de animais e a super-exploração de certos trabalhadores é intensa.O Natal de Jesus é vivido por algumas pessoas. É o dia em que homens de boa vontade saem de si mesmo para socorrer aqueles que passariam a noite sem se alimentar. É o dia que se distribui solidariedade e respeito humano. É o dia de reflexão e lembrança de Jesus e seus exemplos. O Natal que pensa no outro. Coletivo, não individualista. Que acredita que a felicidade é direito de todos e que impossível alguém dispor dela de forma isolada. Esse Natal não vai longe, está mais perto do que imaginamos, porque já vivido por alguns. Um dia, a depender de nossos esforços, será o de todos. Depende de nós!

Cristianismo do Cristo ou dos homens?


Não existia projeto de escrever nada hoje. Depois do último dia na faculdade, onde tive uma excelente surpresa com a nota de uma matéria, chegara desgastado com o calor do Rio de janeiro e, nos preparativos da janta, percorri os canais e encontrei algo que sempre me incomodou. Um programa de tv de uma denominação cristã onde se vinculava da forma mais clara possível a relação entre prosperidade financeira e a vinculação do indivíduo ao Cristianismo. Todas as vezes que assisti a esse programa, que traz depoimentos de pessoas que supostamente (não afirmo porque não tenho elementos de certeza) teriam encontrado o equilíbrio e posteridade financeira depois da adesão à denominação, sempre ocorreram-me reflexões a respeito. A primeira diz respeito ao fato de que o homem que inspira esse movimento, Jesus era pobre, nascido em um lugar onde se recolhiam os animais. Um homem que vivera toda a sua vida na pobreza, sem a menor preocupação de acumular bens materiais. Queria sim cumular de felicidade os corações que o cercavam, com o seu exemplo de amor e humildade com que pautou sua vida. O homem que afirmou que não possuia uma pedra onde repousar a cabeça. Não me consta que a prosperidade financeira estivesse na pauta da mensagem de Jesus. Pelo que me lembre, ele pontua a dificuldade que representa o ser humano deter grande soma de bens, quando fala na dificuldade dos ricos ingressarem no Reino dos Céus. Outra reflexão que me ocorre é que no atual estágio que vivemos, onde nosso modelo é o capitalista, essa idéia de ampla prosperidade para um grande número de pessoas é inviável, não se sustenta por tudo aquilo que assitimo nos meios de comunicação como as crises econômicas, baixos salários, desemprego, perda de direitos trabalhistas, sucateamento de serviços públicos, etc que ocorrem em escala mundial. O abismo que separa os que tem muito recurso e aqueles que tem pouco aumenta. Assim sendo, como sustentar o argumento que vincula o Cristianismo, uma mensagem que nunca se propôs a exaltar a acumulação de dinheiro e bens (me refiro ao Cristianismo do Cristo e não o dos homens) com a prosperidade financeira que essa instituição coloca como uma espécie de recompensa ou prêmio por conta da vinculação a seus quadros? Como conciliar essa suposta prosperidade com tudo aquilo de dificuldades que vivemos e acompanhamos pelas mídias? A resposta a essa pergunta e a que deu o título a nosso escrito não será dada por escrito. Nascerá na consciência de quem ler e refletir sem preconceitos o conteúdo dessas linhas. Paz e Bem a todos!!!

A CAMINHO DO CRISTO


Emmanuel

Carregar nossa cruz, a caminho do Cristo, será abraçar as responsabilidades que nos cabem, no setor de trabalho que ele próprio nos confiou.
E na adesão ao compromisso esposado, urge não esquecer que as nossas dificuldades podem ser modificadas, mas não extintas.
Sem obstáculos, cairíamos na inércia.
E é forçoso avançar sem esmorecer para evoluir.
Em quaisquer circunstâncias, cumpre-nos trabalhar,aceitando-nos com as imperfeições que ainda trazemos, realizando o melhor ao nosso alcance, a perceber que sem o conhecimento de nossas próprias fraquezas, tombaríamos no orgulho.
Ouvir remoques e reprovações, agüentando os aguilhões candentes da acusação e da crítica, aprendendo que sem isso,não conseguiríamos efetuar os nossos singelos exercícios de paciência e de humildade.
De quando a quando, ela nos sacode as construções espirituais, verificando-lhes a firmeza.
E, ás vezes, em semelhante prova, nos desnuda a solidão.
Entretanto, é preciso seja assim.
De tempos a tempos, é imperioso atravessar a solidão, a fim de que sejamos impulsionados ao esforço máximo, porque, sem esforço máximo,não obteríamos a desejada renovação.
Contradições teremos sempre, de vez que as contradições nos obrigam ao estudo e, sem estudo,o raciocínio se nos jaz ao nível da rigidez espiritual.
Chamados a amar e a auxiliar aos que se nos opõem, é necessário amá-los e auxiliá-los com a tolerância e a bondade com que o Divino Mestre nos amou e auxiliou, incessantemente, enquanto nos opúnhamos a ele.
Para nós que aceitamos a jornada para a integração com Jesus, não há possibilidade de recuo, porque a desistência da luta pela vitória do bem significa perturbação e não equilíbrio, rebeldia e não fé.
Em suma, carregar nossa cruz será, desse modo, romper com os milênios de animalidade em que se nos sedimenta a estrutura da alma, principiando por acender as possíveis réstias de luz na selva de nossos próprios instintos, recebendo, pela fidelidade ao serviço, a honra de trabalhar, em Seu Nome, não através de méritos que ainda não possuímos, mas em razão da misericórdia, da pura misericórdia que Ele nos concedeu.

Do livro Mãos Unidas. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.