sábado, 26 de abril de 2008

Tenhamos paz


“Tende paz entre vós.” – Paulo. (I Tessalonicenses, 5:13).


Se não é possível respirar num clima de paz perfeita, entre as criaturas, em face da ignorância e da belicosidade que predominam na estrada humana, é razoável procure o aprendiz a serenidade interior, diante dos conflitos que buscam envolvê-lo a cada instante.

Cada mente encarnada constitui extenso núcleo de governo espiritual, subordinado agora a justas limitações, servido por várias potências, traduzidas nos sentidos e percepções.


Quanto todos os centros individuais de poder estiverem dominados em si mesmos, com ampla movimentação no rumo do legítimo bem então a guerra será banida do Planeta.

Para isso, porém, é necessário que os irmãos em humanidade, mais velhos na experiência e no conhecimento, aprendam a ter paz consigo.


Educar a visão, a audição, o gosto e os ímpetos representa base primordial do pacifismo edificante.

Geralmente, ouvimos, vemos e sentimos, conforme nossas inclinações e não segundo a realidade essencial. Registramos certas informações, longe da boa intenção em que foram inicialmente vazadas, e, sim, de acordo com as nossas perturbações internas. Anotamos situações e paisagens com a luz ou com a treva que nos absorvem a inteligência. Sentimos com a reflexão ou com o caos que instalamos no próprio entendimento.


Eis porque, quanto nos seja possível, façamos serenidade em torno de nossos passos, ante os conflitos da esfera em que nos achamos.

Sem calma, é impossível observar e trabalhar para o bem.


Sem paz, dentro de nós, jamais alcançaremos os círculos da paz verdadeira.
Emmanuel

Pão Nosso – Psicografia: Francisco Cândido Xavier – Ed.: FEB.

Máquina de morte polui ainda mais Baia da Guanabara


O porta-aviões norte-americano George Washington chegou na cidade do Rio de Janeiro no dia 21 de Abril. Temos o desprazer de ter manchada a paisagem, que apesar da poluição da Baia da Guanabara, é ainda muito bonita. Vieram participar de um exercício militar junto com nossa Marinha e a da Argentina.


Quando passei quase ao lado desse mostro, na quinta-feira última, vieram-me a mente duas reflexões. A primeira é de que seria facílimo para os terroristas internacionais que não se assumem enquanto terroristas, se eles quisessem, tomar a cidade. Penso que seria em questão de minutos, menos de uma hora seguramente. Aquela máquina ali parada (e em qualquer parte do mundo onde esteja) tem quase que a função de nos dizer, sem palavras, a desproporção de forças e a agressividade dos governantes desse país, bem como de sua população (vale lembrar que os governantes se elegem pelo voto). Tem também a não assumida função intimidatória, pelos locais por onde passa.


Outra reflexão também que me ocorreu foi pela quantidade de mortes que esse mostro metálico já provocou no mundo. Em quantos locais de conflito essa coisa já esteve? Quantos aviões que destruiram lares e sonhos já partiram dele? Quantas toneladas de pólvora já transportou? Quanta de energia nuclear transporta (me refiro a bombas) para destruição? Quantas lágrimas já provocou em seres humanos? Confesso que me senti um pouco mal com isso tudo. Meu ônibus ia passando pela Ponte Rio-Niterói e eu não conseguia desviar o olhar daquela coisa, pensando nessas questões.


Um secretário do Governo do Estado se manifestou contra a presença desse trambolho na Baia da Guanabara, alegando que a Constituição Federal proibe uso militar da energia nuclear em território brasileiro. Sei que ele está sendo oportunista, tentando apenas chamar para si os holofotes. Por que não questiona a função da máquina em si? Será que isso não é questão de Estado? Ele está até certo no seu questionamento, mas acredito que, além disso, existe uma questão moral, de ética, de valorização do ser humano que não foi posta em questão pelo secretário.


O Consulado norte-americano divulgou uma nota que parece inocente, mas que guarda em si um profundo desrespeito por todos aqueles que são ou foram vítimas do terrorismo de Estado patrocinado pelos EUA. Eis a nota, o grifo que é meu e a fonte da nota:


"Navios norte-americanos movidos à energia nuclear têm operado com segurança por mais de 50 anos sem acidentes em seus reatores ou qualquer vazamento de radioatividade com efeitos em seres humanos, vida marinha ou no meio ambiente em geral. Esses navios têm um histórico excelente de mais de 138 milhões milhas navegadas com energia nuclear (o equivalente a 5 mil voltas ao redor da Terra). Ele são bem-vindos em mais de 150 portos de 50 países e territórios por todo o mundo."



Pois eu digo a quem interessar: não são bem vindos coisa nenhuma e eles sabem disso. Perguntem as pessoas que tiveram parentes vitimados por essa coisa. Os crimes que cometem no mundo, com o silêncio conivente das outras nações, particularmente aquelas da ONU, organização fantoche situada lá mesmo nos EUA. Espero que se retirem o mais depressa possível!


Gostaria sim, de um dia, receber a visita de toda aquela tripulação, quando estiverem com outra mentalidade e visão de vida. Quando respeitarem a vida humana, enxergando dignidade nas pessoas e não "terroristas" em potencial. Quando vierem desarmados serão bem vindos!


quarta-feira, 23 de abril de 2008

22 de Abril, o "Descobrimento" do Brasil silenciado


Eis que a data passou e não foi lembrada por muitos e confesso que nem por mim. Recordo que no ano 2000 foi uma data muito badalada, por conta dos 500 anos de Brasil. Mas... porque o silêncio agora? Não vale a pena comemorar, segundo as contas, 508 anos?


Tantas discussões poderiam ser travadas girando-se em torno da data. O conceito "descobrir", o trato com os índios, relações de poder entre governantes e governados, o sentimento de pertencimento a um local, o negro, a ocupação do território... muitas questões que envolvem a nossa história. Será que estamos esperando aniversários mais redondos, como 510, 520...? Vamos discutir nosso passado, conhecê-lo, investigá-lo... Existem tantas revistas de história atualmente nas bancas de jornais. Aliás, a Revista de História da Biblioteca Nacional é muito boa. Traz artigos muito interessantes. Para conferirem: http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/

Dia do Chorinho


A poucos minutos fiquei sabendo que, além de ser comemorado São Jorge, hoje é dia também do Chorinho. A indicação do dia deve-se ao fato de ser a data de nascimento do mais ilustre representante do Chorinho, o nosso Pixinguinha.


Alfredo da Rocha Viana Filho, conhecido como Pixinguinha, (Rio de Janeiro, 23 de abril de 1897Rio de Janeiro, 17 de Fevereiro de 1973) foi um flautista, saxofonista, compositor, cantor, arranjador e regente brasileiro.


Em 1919, Pixinguinha formou o conjunto Oito Batutas, formado por Pixinguinha na flauta, João Pernambuco e Donga no violão, dentre outros músicos. Fez sucesso entre a elite carioca, tocando maxixes e choros e utilizando instrumentos até então só conhecidos nos subúrbios cariocas.


A data que comemora o dia do Chorinho foi criada oficialmente em 4 de setembro de 2000, quando foi sancionada lei originada por iniciativa do bandolinista Hamilton de Holanda e seus alunos da Escola de Choro Raphael Rabello.


No site http://www.pixinguinha.com.br/ encontramos algumas curiosidades a respeito dele.

" Em 1952, na igreja São Geraldo, por ocasião das bodas de prata de Betty e Pixinguinha, quando tudo estava pronto para o início da missa, espalhou-se o comentário de que a organista faltara. Mas a situação foi rapidamente resolvida: o filho, Alfredinho, tomou o lugar ao lado da mãe e Pixinguinha apossou-se do coro, assumindo o órgão e presenteando a todos com inspiradas improvisações ao instrumento durante o transcorrer da celebração."



terça-feira, 22 de abril de 2008

Homem público e as Drogas


“Droga não atrapalha minha vida. O que me atrapalha é corrupção e violência”.

Marcelo Antony, referindo-se ao episódio em que foi flagrado, em 2004, comprando maconha em Porto Alegre.


Interessante, na fala do ator da Rede Globo, é o tempo de conjugação do verbo que se utiliza para fazer referência ao episódio de 2004. O presente. Ele acha que não atrapalha, mas será que não? E... se não atrapalha a sua, será que não atrapalha a vida de outras pessoas? Melhoro a pergunta: será que não atrapalha a vida das pessoas comuns, que moram nas favelas onde se vendem drogas? Será que o tráfico, conseguindo fazer sua roda girar (se capitalizando) atrávés das pessoas que são consumidoras de drogas, não prejudica a vida das pessoas que sofrem com as balas perdidas, os caveirões, as guerras entre facções rivais? Se o tráfico figura como um negócio altamente rentável, na favela, será que isso não prejudica a formação de uma criança que vive em estado de miserabilidade, sem perspectivas na sua vida, e que escolhe começar como "vapor" do tráfico? Será que os custos sociais do tráfico (quero me referir somente ao custo em saúde pública e segurança por conta dos efeitos da violência) não prejudicam o ator da Globo? Esses custos sociais aumentados são divididos entre a população através de impostos que todos pagamos, que financiam os hospitais e as políticas de segurança pública. Será que esse ator se sentirá confortável e seguro se, daqui a uns anos, os seus filhos, por conta de um eventual vício das drogas, se enterrem de tal maneira nele que se degradem física e moralmente a ponto de beirarem o abismo da loucura? São tantas questões que poderiam ser colocadas...


A corrupção atrapalha muito mesmo! Mas corrupção de quem? Será que as vezes não somos corruptos? É só a corrupção do outro que nos afeta? E nossa participação política, acompanhando, sendo um cidadão crítico da atuação dos dirigentes e parlamentares, fiscalizando-lhes o trabalho e discutindo essas questões para multiplicar esforços... temos feito isso? O que temos feito contra a corrupção?


A violência atrapalha também, demais! Mas... em que medida nós, que nos pensamos cidadãos de bem, de alguma maneira não alimentamos esse estado de violência em que vivemos? Será que a violência que nos afeta tanto não possui lastro social, ou seja, em outras palavras, é cultivada e aceita por uma grande massa. Tantas cenas de brigas nas ruas, nos lares, tantas mortes na mídia, tantos filmes violentos... cultivamos tudo isso. O que temos feito para conter a violência?


Essas questões, caro ator global, não estão descoladas da sua vida nem da de ninguém.


Para encerrar, depois que lí sobre a declaração acima, recordei-me de um debate que realizava-se na Uff, no bloco N, ano passado acho, sobre drogas e legalização. Quando estava saindo de uma aula, indo para a casa, um dos debatedores, acho que um parlamentar, defendia a liberação das drogas argumentando que, com isso, estaria esvaziando o lobbie da indústria armamentista, que precisa da criminalização da droga e do combate armado para vender. Me retirei pensando nisso... achei que era um argumento forte, apesar da minha posição contrária. Depois, no caminho, refletindo com mais calma, pensei: Em que medida a liberação das drogas não pode ser vista como um lobbie das indústrias farmacêuticas para faturarem com isso? Se não me falhe a memória, Eduardo Galeano, em um texto seu, chamou a atenção para um ponto interessante e provocativo que vem de encontro com o que eu penso. Ele diz que, apesar dos EUA atacarem (assim se colocam publicamente) o tráfico de drogas, não impedem que seus laboratórios vendam substâncias que ajudam no refino das drogas para os países da América do Sul. Não me atrai defender interesses de fabricantes de armas nem de laboratórios.


Há... e sou contra tudo que aliene os seres humanos. Não precisamos de bengalas psicológicas para viver!

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Comoções públicas (2)

Conforme o prometido, mais algumas considerações a respeito do caso, já muito discutido. Não me lembro exatamente em qual mídia foi, mas ví que que muitos dos populares que estavam acompanhando o caso, nos deslocamentos dos acusados para deporem na Polícia, estavam mais preocupados em "aparecer na televisão ou nos jornais" que propriamente com o que estava ocorrendo. Pessoas que gritavam "assassinos" e outras coisas, assim que terminavam seus "protestos" estavam rindo, agindo naturalmente, descoladas do que estava acontecendo. O que é isso? Banalidade do mal? Desrespeito com a dor e a memória alheias? As pessoas se valem desses momentos para acenarem para fotógrafos, pedem para serem ouvidos e caem no lugar comum das idéias que esses mesmos setores da mídia ficam propalando? Querem falar o que os repórteres querem ouvir? São todos desempregados que estavam lá? E as suas atividades, interromperam-nas para ficarem lá, dando palpites com bases nos seus achismos? Por que as pessoas não aproveitam melhor o tempo de que dispõem? Ficar alimentando esses comentários de revanchismo e vingança não ajuda em nada.
Que tal se, ao invés dessa postura, não procurassem discutir, nas suas "rodas de socialização", o que leva alguém a fazer isso com uma criança. Por que não pensarem em que medida são responsáveis pela violência social que tanto condenam, na medida em que lhe dão abrigo em seus cotidianos, na forma de discussões no lar, ou em qualquer outro local, nos palavrões que falam, nas maneiras disfarçadas da violência que a maioria de nós costuma cultivar de maneira quase imperceptível nas suas vidas? Penso que uma atitude sadia é pensar e concretizar soluções, ao invés de se ficar repisando problemas ao infinito. Como EU posso ser menos violento no meu cotidiano?

sábado, 19 de abril de 2008

Comoções públicas


De volta ao esforço de análise da realidade que vivemos, tentando pensar alternativas humanas para os seres humanos (que as vezes nos esquecemos dessa nossa condição), focalizaremos o caso da menina que foi atirada pela janela. Desde já declaro não ser especialista na questão para apontar motivações do crime, maneiras que ele pode ter sido executado, requintes de crueldade e outros aspectos que deixarei para os mais capacitados. Nossas observações serão pontuais, sobre certos aspectos apenas, como a maneira da mídia abordar a questão, o grande público, o crime em si e algumas reflexões de natureza moral.


Todos estamos vivendo a maneira como os meios de comunicação estão tratando o assunto, com todo sensasionalismo que afeta (ou procura afetar) o discernimento do grande público. Uma cobertura de dias seguidos, com interrupções na programação habitual, para plantões jornalísticos que acompanham depoimentos, o recolhimento de opiniões dos populares a respeito do assunto e a mobilização destes para acompanhar o caso. Os pais podem ou não serem os responsáveis pelo crime. A Polícia aponta nessa direção. Boa parte da mídia (quando me refiro a mídia não quero encaixotar toda ela nesse movimento que acompanha de maneira sensasionalística o assunto) já os condenara.


Não é algo fácil de se ver, a morte de uma criança nas circunstâncias em que se deu. Seja de que maneira for, a morte de alguém causa comoção para os seres humanos que não renunciaram a sua condição de humanidade. Acho, no entanto, que todo esse apelo que o caso está tendo serve para certos setores da sociedade ventilarem idéias que gostam de defender, como a Pena de Morte... já viram quantas pessoas falam "eles devem morrer..." É uma idéia que, infelizmente, tem muito lastro na nossa sociedade, pouco acostumada a ver os mecanismos da Justiça atuarem de maneira eficaz. Quero lembrar que todos os dias morrem pessoas das maneiras mais aterradoras possíveis, e com isso, não estou querendo esvaziar a morte da menina nas condições em que se deu. Qual a repercussão das mortes diárias nas nossas vidas? Por que somente a morte desta nos comoveu? Os outros não nos merecem a piedade? Alguém lembra-se da menina Alana, morta com um tiro de fuzil no peito na época da morte do João Hélio? Até parece que a morte dela foi menos dramática que as demais... parece até que todos já tomaram um tiro de fuzil no peito, ou tiveram um filho atingido por um. Perguntem a um médico que trabalha numa Emergência de grande hospital como é isso.


Outras reflexões de natureza moral escreverei depois, em breve.