PESCHANSKI, João Alexandre. A Evolução Organizacional do MST. Dissertação de Mestrado
Analisa a evolução organizacional do MST, de sua formação até o ano de 2006. Trabalha com duas hipóteses, a primeira defende que a organização do movimento resultaria de uma combinação entre os objetivos dos sem-terra, os riscos e as oportunidades de cada situação, além da atuação das lideranças, cujo perfil considera importante analisar. A segunda propõe que para a continuidade do MST é decisiva sua capacidade de se reinventar, levando em conta as mudanças que lhe são externas.
No período inicial do movimento, teria sido fundamental a participação de grupos católicos progressistas, estimulados por uma leitura social da religião, inspirados na Teologia da Libertação. Teriam atuado como defensores e articuladores de mobilizações camponesas
Na década de
Outro fenômeno que leva à mudança na composição recente da DN é o crescente protagonismo feminino. Durante sua história, esta instância fora pouco aberta a mulheres. Em 2006, adota a política de reequilíbrio de representação de gênero. O autor aponta, por fim, uma tendência à radicalização dos protestos por parte das mulheres.
RIBEIRO, Suzana Lopes Salgado. Tramas e Traumas: identidades
A autora analisa o processo de constituição das identidades, por meio de experiências de vida, que envolvem o MST. Além disso, busca apreender a aplicação da história oral como forma de produção e análise, na maneira de se memorizar e narrar, e as relações estabelecidas entre sujeitos (entrevistador e entrevistado). Tratou conjuntamente de da história oral e das identidades sem-terra porque, para ela, experiência e memória são essências do narrar e identificar.
Trabalhou, no começo, com 47 entrevistas, realizadas durante a Marcha Nacional, que ocorreu de 1° a 15 de Maio de 2005. Desse universo, selecionou 8. considera ter sido fundamental ter participado desta Marcha para entender a formação das identidades.
A experiência de exclusão seria, para ela, fundamental para entender a construção das identidades sem-terra. Falando disso com os entrevistados, refletiu-se sobre as questões de cidadania e da democracia, por serem inclusivas do indivíduo no mundo político. A marca dessa inclusão, para os narradores, é a diferença de vida antes e depois de conhecerem o MST.
O MST, aliás, não seria igual para todos, porque é interpretado de diversas formas por seus componentes. Não existiria, assim, uma identidade sem-terra única, como algumas lideranças teriam desejado, mas sim identidades que o compõem, em sua diversidade.
A vida privada/familiar, no geral, não faz parte das entrevistas, que possuem caráter mais militante/profissional. Existe um fascínio, por parte dos narradores, com relação à organização e pelo tamanho do movimento. Ser homem e ser mulher, no MST, são coisas bastante diferentes. Há, ainda, uma estrutura machista, que faz com que a participação feminina, da Direção Nacional às fileiras da Marcha, seja minoritária. Ser negro, indígena ou branco também implicaria
SILVA, Benedito Cândido. A luta na terra em busca da emancipação. Histórias orais de vida de agentes do MST do Assentamento Dorcelina Folador, no município de Arapongas, Estado do Paraná. Dissertação de Mestrado
Trata-se de um estudo de caso que busca sondar o nível de emancipação e inclusão social atingidos, na visão dos agentes pesquisados, após o ingresso no MST e a conseqüente conquista da terra.
Observou forte influência da Igreja Católica na formação das identidades da maioria das narrativas. A idéia de emancipação, assimilada pelos agentes alvo da pesquisa, apresenta-se, mais do que conquista da terra, a apropriação de maior esclarecimento sobre aspectos da conjuntura atual e a evolução na consciência de direitos de cidadão.
A escolha do método de investigação foi motivada pela obra “Vozes da Marcha pela terra”, de Santos, Ribeiro e Meihi, que é um registro de histórias orais de vida de alguns integrantes do MST, participantes da Marcha Nacional por Reforma Agrária, Emprego e Justiça, realizada em Abril de 1997.
Pretende oferecer a possibilidade de ser dirigido o olhar para o mundo e a sociedade na perspectiva do lavrador que se propôs a lutar para conquistar seu pedaço de terra, justificando essa luta em função de garantir um mínimo de segurança a si mesmo e a sua família, além de conhecer como esse lavrador se vê no contexto social. Até onde ele se insere e até onde diverge da sociedade, como lida com as influências da ideologia do movimento em contraponto com a ideologia dominante.
Entrevistou 3 homens e 3 mulheres para avaliar as perspectivas de ambos os gêneros. A escolha não foi decidida pelo pesquisador, mas em reunião dos coordenadores dos setores de educação e cultura do Assentamento.
O fio condutor das entrevistas foi a trajetória de vida de cada um, antes e depois de ingressarem no MST, o que lhes motivou o ingresso, suas lutas, sucessos e fracassos, suas perspectivas e dificuldades enfrentadas após a conquista da terra. As falas dos entrevistados foram divididas em temas, segundo o autor para facilitar o estabelecimento de relações entre elas. Os temas são: Apresentando os sujeitos; A Igreja como determinante no ingresso ao MST; Emancipação e sentimento de dignidade; A questão de gênero; As lutas.
Os pesquisados demonstraram vivo interesse em conhecer o resultado final da pesquisa, na expectativa de que possa contribuir para reflexão e aperfeiçoamento de práticas, ainda que o objetivo da pesquisa não seja de intervenção, como declara o autor. A escolha por militantes foi no sentido de avaliar os aspectos motivadores da militância e seus reflexos dentro da comunidade. Apesar das dificuldades que suportavam, o sentimento que os entrevistados deixa transparecer é o de terem conquistado emancipação e dignidade de cidadãos.
2 comentários:
Foi com muita alegria que li o comentário feito sobre minha tese "Tramas e traumas: identidades em marcha". Primeiro, pois nunca temos certeza de que alguém gostou ou achou útil o que escrevemos. Segundo pois é bom ver nossas ideias indo em frente, principalmente por fazer parte de um blog que está "transformado o mundo"!
Obrigada pelo carinho! Passarei sempre por aqui para aprender um pouco mais!
Abraços,
Suzana L. S. Ribeiro.
Que existe um injustiça social no Brasil é fato. E que pouco se faz para pelo menos entender as raízes de todas esta injustiça também é um fato. Muitos criticam o liberalismo e o neoliberalismo. E estas crítica são bem fundamentadas. Mas, atualmente, também é um fato que a solução destes problemas sociais não está na mão dos pensamentos de esquerda. Hoje se sabe que a corrupção está tanto nas esquerda como na direita. E a esquerda se mostrou muito corrupta.
O melhor entendimento do MSt não é movimento sem terra. É Muitos Sem Trabalho. E a questão é justamente esta, por que estão sem trabalhos? Nem sempre é culpa só do indivíduo. Mas, é muito fácil colocar a culpa só no individuo. Esta é uma forma de individualismo dos que aponto o dedo. E também esta questão da moradia também não é um assunto fácil. Mas, hoje se sabe que estes movimentos não são a solução para este problema. Muito pelo contrário, também estão reforçando este problema. Mas, um motivo para os apontadores de dedo. A esquerda aponta para a direita e a direita aponta para a esquerda. E a solução fica fora da caverna.
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