terça-feira, 11 de agosto de 2009

Contra o pessimismo

Tem momentos que os indivíduos, por interesses materiais consolidados, negam, nas suas atitudes, a condição humana que lhes é própria. Ontem, como hoje, estes interesses de mercado, que são de classe, buscam de infinitas formas interferir nas vidas de todos. Muitas vezes conseguem, é uma evidência demonstrável pelos fatos. As publicidades que ditam roupas da moda até aquelas que desejam moldar pensamentos estão aí.

Entretanto, quando começamos a não ter esperança, reforçamos esse status quo, aceitando-o como natural, o que não é verdade, uma vez que ele é socialmente produzido. É o produto social daqueles que "venceram", cujas opiniões prevaleceram sobre outras. O que não quer dizer que estas "derrotadas" estejam mortas. A suposta morte das ideologia, como diria Paulo Freire, é ideologizada também, exatamente pelos "vencedores" de hoje. As derrotas que porventura soframos, quando nos posicionamos contra a desumanização do ser humano, representam, em verdade, nossas vitórias morais. . Concordo com Darcy Ribeiro quando diz: “Fracassei em tudo o que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer uma universidade séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu.”

Afirmaria, com grande convicção que, apesar de tudo que presenciamos nos nossos tempos, diria que o futuro não é um dado. Ele está por fazer-se. A vida humana é um campo de possibilidades, não necessariamente ruins. Acredito na vocação humana de ser mais. “O mundo não é. O mundo está sendo. (...) meu papel histórico não é só o de constatar o que ocorre, mas também o de intervir como sujeito de ocorrências. Não sou apenas objeto da História mas seu sujeito igualmente. No mundo da História, da cultura, da política, constato não para me adaptar mas para mudar.” Para usar, mais uma vez, das felizes palavras de Paulo Freire. O nosso pessimismo é um recibo de concordância ao status quo e uma ofensa moral a todos os que constatam para mudar.

A luta por uma sociedade melhor deve ser constante. Se fazemos a nossa parte, Deus fará o resto.  




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