terça-feira, 12 de setembro de 2017

Bem e mal sofrer

Bem e mal sofrer

Palestra apresentada no Grupo de Caridade Deus, Luz e Amor em 12 de Setembro de 2017.

         A tradição budista conta que Krisha Gotami teve um filho e este morreu. Impregnada de dor, ia com o filho de casa em casa pedindo a todos um remédio. As pessoas diziam “Está louca. A criança está morta”. Encontrando-se com um camponês, este lhe diz que não teria o remédio para dar, mas conhecia um médico capaz de fazê-lo. “Vai ver o Buda”, disse-lhe. Encontrando-se com o iluminado, narra-lhe que seu filho brincava entre as flores e tropeçou numa serpente, que se enroscou em seu braço, ficando, por isso, pálido e silencioso. “Não posso deixar que ele deixe de brincar ou que deixe meu colo”, disse ao Buda. “Dá-me um remédio que cure meu filho!”, suplicou. “Sim, há uma coisa que pode curar teu filho e a ti”, informou-lhe o Buda.

Procura uma simples semente de mostarda preta, porém só deves receber de uma casa onde nunca tenha entrado a morte, onde não tenha ainda morrido pai, mãe, filho nem filha, nem irmão, nem irmã, nem escravo nem parente. [1]

         Aflita, Krisha Gotami corria de casa em casa pedindo o grão de mostarda. As pessoas sentiam pena dela e lhe davam o que procurava. Porém, quando perguntava se já tinha morrido alguém naquela casa, respondiam-lhe: “Ah, poucos são os vivos e muitos os mortos! Não despertes a nossa dor!”[2] Agradecida, devolvia o grão de mostarda. Dirigindo-se a outra casa, recebia o grão de mostarda, mas, junto com ele a informação de que a morte também penetrara aquele lar, levando com ela um escravo. Assim, não encontrou uma casa onde não tivesse morrido alguém. Retorna, então, ao Buda e suplica-lhe pelo remédio, informando-lhe que não encontrara nenhuma casa onde a morte não houvesse penetrado. Responde-lhe, então, o Buda:

Minha irmã, procurando o que não podes encontrar, achaste o amargo bálsamo que eu queria dar-te. Sobre teu seio, o ser que amas dormiu hoje o sono da morte. Agora já sabes que todo mundo chora uma dor semelhante à tua. O sofrimento que aflige todos os corações pesa menos do que se concentrado num só. [3]

         Explica-lhe, então, que todos os que nascem morrem. Porém, a pessoa detentora de sabedoria e que conhece a Lei, não se perturbaria,

porque nem pelo pranto nem pelo desânimo obtém a paz, mas pelo contrário, isso tudo aviva as dores e os sofrimentos do corpo. A morte não faz caso de lamentações. Morre o homem, e seu destino está determinado por suas ações. Embora viva dez ou cem anos, acaba o homem por separar-se de seus parentes ao sair deste mundo. Quem deseja a paz da alma, deve arrancar de sua ferida a flecha do desgosto, da queixa, da lamentação. Feliz será aquele que consegue vencer a dor. Sepulta tu mesma o teu filho. [4]

         Krisha Gotami, então, compreende que fora egoísta em sua dor, uma vez que a morte era fenômeno comum a todos. Enterrando seu filho no bosque, trabalhou por arrancar, de si, a flecha do desgosto, da queixa e da lamentação. O Espírito Lacordaire, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo” informa-nos que quando Jesus disse que os aflitos seriam bem aventurados e que o reino dos céus lhes pertenceria, não estava referindo-se aos sofredores de maneira geral, pois o sofrimento é comum a todo aquele que está mergulhado neste planeta, independente de sua condição social. Segundo o Espírito, “poucos sofrem bem; poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzi-los ao reino de Deus”[5].

         O Espiritismo informa-nos que as aflições têm causas nesta e nas outras vidas. Muitos dos males que nos atingem são provocados por comportamentos e omissões que assumimos na existência atual. Se apreciamos as bebidas alcoólicas, seremos acometidos dos males do fígado; se fumamos, teremos problemas no trato respiratório; se não regramos nossa alimentação, fazendo uso em excesso de açúcar e sal, nos tornaremos diabéticos e hipertensos. Agora, se nascemos com alguma limitação física; se sofremos algum acidente que nos incapacite; se de hora para outra perdemos todos os nossos bens materiais; se nascemos pobres, passando por inumeráveis privações, estas, certamente, são aflições que tem sua origem em outras encarnações. Allan Kardec, no mesmo capítulo que estamos estudando (Bem aventurados os aflitos) informa-nos que os sofrimentos “são muitas vezes a consequência da falta cometida, isto é, o homem, pela ação de uma rigorosa justiça distributiva, sofre o que fez sofrer aos outros”[6]. A reencarnação, portanto, explica a Justiça de Deus. Sendo Justo e Bom, Deus não escolheria uns para ter uma vida repleta de facilidades em detrimento de outros que encontram a estrada repleta de obstáculos. Se um filho nosso nos pede um pão, algum de nós lhe daria uma pedra? E se nos pedisse um peixe, daríamos uma serpente? Ora, como disse Jesus, “Se vós, pois, que sois maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai celeste dará boas coisas aos que lhe pedirem”.[7] Deus não trata seus filhos de maneira distinta, mas, pela reencarnação, permite que cada um receba de acordo com suas obras. De acordo com o filósofo espírita Léon Denis, “fundamentalmente considerada, a dor é uma lei de equilíbrio e educação”[8]. Numa mensagem intitulada “Em casa”, Emmanuel, através da psicografia de Francisco Cândido Xavier, nos diz que se ontem traímos a confiança de um companheiro, induzindo-o a destruição moral, “hoje guardamo-lo na condição do parente difícil, que nos pede sacrifício incessante”[9]. Se no passado colocamos o orgulho e a vaidade no peito de alguém que nos seguia os exemplos menos felizes, “hoje, partilhamos com ele, à feição de esposo despótico ou de filho-problema, o cálice amargo da redenção”[10]. Emmanuel ainda nos diz, agora no livro “Vida e Sexo”, que todo aquele, homem ou mulher, que se aproxima de alguém para aproveitar-se dos outros em relações sexuais irresponsáveis, sem compromisso, tratando-os como “coisas”, criando nessa pessoa expectativas falsas, é um violador de almas. Assume com as vítimas “a obrigação de restaurá-las, até o ponto em que as injuriou e prejudicou, ainda mesmo quando na conceituação incompleta do mundo essas criaturas tenham sido encontradas supostamente já prejudicadas ou injuriadas por alguém”[11]. E de que maneira vamos restaurar essas pessoas? Através dos laços familiares, pela reencarnação. Assim,

A jovem suave que hoje nos fascina, para a ligação afetiva, em muitos casos será talvez amanhã a mulher transformada, capaz de impor-nos dificuldades enormes para a consecução da felicidade; no entanto, essa mesma jovem suave foi, no passado – em existências já transcorridas –, a vítima de nós mesmos, quando lhe infligimos os golpes de nossa própria deslealdade ou inconsequência, convertendo-a na mulher temperamental ou infiel que nos cabe agora relevar e retificar. [12]

         Esse é o diferencial que a Doutrina Espírita nos oferece. A consciência das causas dos sofrimentos. Sabemos que não são por acaso ou por capricho e má vontade de Deus para conosco. Representam a colheita da nossa sementeira. Daí não haver sentido para a revolta e o desespero. O conhecimento espírita ajuda-nos a bem sofrer, como diz Lacordaire.

         Joanna de Ângelis informa-nos que

em alguns casos o sofrimento, em si mesmo, ainda é a melhor terapia para o progresso humano. Enquanto sofre, o homem menos se compromete, demorando-se em reflexão, de onde partem as operações de reequilíbrio. É comum a mudança de comportamento para pior, quando diminuem os fatores afligentes. Uma sede de comprometimento parece assaltar o indivíduo imaturo, que parte para futuras situações penosas, complicando os parcos recursos de que dispõe. Desse modo, a duração do sofrimento muito contribui para uma correta avaliação dos atos a que ele se deve entregar[13]

         Assim, para muitas criaturas humanas, o sofrimento constitui-se em um freio, que lhes impede maior comprometimento moral diante das Leis Eternas da vida. Adoecido, o homem que se portou mal, que foi cruel e perverso, tem oportunidade de refletir sobre sua conduta e existência. Aquele que esgotou suas energias nos vícios do álcool, das drogas, do sexo desregrado, preso a um leito de dor pode avaliar seu procedimento e os efeitos que ele teve para sua atual situação. A dor, portanto, constitui-se numa pedagoga valiosa, quando as lições do amor são recusadas pelo candidato à felicidade que se distrai e se desvia dos caminhos do bem. Recordem-se que nos Evangelhos não há referências de que Jesus haja curado a todos os doentes que o procuravam. Muitas dores ficaram, porque se constituíam em poderosos remédios para a alma. 

         O Espírito Irmão X, pelo lápis de Francisco Cândido Xavier, trouxe-nos um conto que ilustra muito bem essa questão. Conversando com seus apóstolos, Jesus assinala que havia sombras e moléstias por toda a parte, “como se a existência na Terra fosse uma corrente de águas viciadas”[14]. Porém, regenerando a fonte, o problema estaria solucionado. “Restaurado o espírito, em suas linhas de pureza, sublimam-se-lhe as manifestações”[15]. Pedro, no entanto, questiona o Mestre, indagando-lhe se ele não concorda que as enfermidades são flagelos para as criaturas. Pergunta, ainda, se eles curassem todas as doenças, proporcionando alívio aos que sofrem aflições no corpo, não instalariam, mais depressa, o reino de Deus. Outros companheiros de Jesus acompanham a opinião de Pedro, ao que Jesus informou-lhes que, a título de experiência, todos seriam curados antes da próxima pregação. No dia, mais de cem doentes foram curados. Entravam tristes e cabisbaixos no gabinete improvisado ao ar livre e voltavam felizes. Tão logo ressurgiam radiantes e sadios, Pedro os convidada ao banquete de verdade da pregação.

O Mestre, em breves instantes, falaria com respeito à beleza da Eternidade e à glória do Infinito; demonstraria o amor e a sabedoria do Pai e descortinaria horizontes divinos da renovação, desvendando segredos do Céu para que o povo traçasse luminoso caminho de elevação e aperfeiçoamento na Terra.
Os alegres beneficiados, contudo, se afastavam, céleres, entre frases apressadas de agradecimento e desculpa. Declaravam-se alguns ansiosamente esperados no ambiente doméstico e outros se afirmavam interessados em retomar certas ocupações vulgares, com urgência.
Com a cura do último feridento, a vasta margem do lago contava apenas com a presença do Senhor e dos doze aprendizes. [16]

Dirigindo-se a Pedro, Jesus disse-lhe:

Pedro, estuda a experiência e guarda a lição. Aliviemos a dor, mas não nos esqueçamos de que o sofrimento é criação do próprio homem, ajudando-o a esclarecer-se para a vida mais alta.
(...)
A carne enfermiça é remédio salvador para o espírito envenenado. Sem o bendito aguilhão da enfermidade corporal é quase impossível tanger o rebanho humano do lodaçal da Terra para as culminâncias do Paraíso. [17]

Muitos daqueles que estão presos às enfermidades voltariam, assim que pudessem, aos mesmos erros que cometiam antes, tão logo conseguissem a cura para o corpo. Em realidade, aprendemos que as enfermidades da alma manifestam-se no corpo doente. Como disse Irmão X no conto, utilizando-se da figura de Jesus, restaurando a pureza da fonte (do Espírito Imortal) o curso de água se tornaria límpido, e as manifestações do Espírito, não mais comprometido com o erro, se dariam em bases novas e renovadas. 

“O desânimo é uma falta. Deus vos recusa consolações, desde que vos falte coragem”[18] diz-nos, ainda, Lacordaire. Richard Simonetti fala-nos que aqueles que vivem reclamando, que se revoltam, que não se conformam e se rebelam “estão marcando passo. Suas dores não edificam nem depuram. Suas lágrimas são ácidas e amargas, gerando males não programados, amarguras desnecessárias, infelicidade voluntária”.[19] Ele nos diz que os desequilíbrios maiores que atingem as pessoas não decorrem dos erros do passado e sim da rebeldia do presente. “A dor maior decorre do fato de pretendermos recusar o sofrimento”[20]. Lacordaire nos diz, ainda, que

a prece é um apoio para a alma; contudo, não basta: é preciso tenha por base uma fé viva na bondade de Deus. Ele já muitas vezes vos disse que não coloca fardos pesados em ombros fracos. O fardo é proporcionado às forças, como a recompensa o será à resignação e à coragem. [21]

Note que a prece é apoio, não receita para a solução daquilo que se tem que encarar, forçosamente, para o nosso equilíbrio espiritual. Ainda em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no capítulo “Pedi e Obtereis”, Allan Kardec informa-nos que, de maneira geral, os homens só veem o presente. “Se o sofrimento é de utilidade para a sua felicidade futura, Deus o deixará sofrer, como o cirurgião deixa que o doente sofra as dores de uma operação que lhe trará a cura”[22]. O fim do sofrimento pode não ser alcançado pela prece, mas existe, sim, algo que se pedirmos, obteremos pela prece:

O que Deus lhe concederá sempre, se ele o pedir com confiança, é a coragem, a paciência, a resignação. Também lhe concederá os meios de se tirar por si mesmo das dificuldades, mediante ideias que lhe fará sugiram os bons espíritos, deixando-lhe dessa forma o mérito da ação. Ele assiste os que se ajudam a si mesmos (...). [23]

         Lacordaire, desenvolvendo seu raciocínio, diz-nos que o militar que não é mandado para a linha de fogo fica descontente, porque o repouso no campo não lhe faculta nenhuma possibilidade de ascensão de posto. Conclama-nos, então, a sermos como esse militar, não desejando repouso, que acabaria enervando nosso corpo e envenenando a alma. Paulo de Tarso, depois de ter se transformado ao contato com a mensagem cristã e de ter se constituído num grande propagandista do Evangelho, sofrendo toda a sorte de perseguições em nome de Jesus, diz, numa carta ao seu companheiro de ideal Timóteo, que “combateu o bom combate”[24]. Tinha consciência de que fez bom uso das possibilidades do tempo para a causa cristã, com isso, crescendo espiritualmente e resgatando, ainda naquela encarnação, muito do mal que praticara enquanto Saulo de Tarso, quando perseguidor dos cristãos. O modo como encaramos a vida determina o aproveitamento que teremos dela. Sofre mais, quanto mais longo se lhe afigura a duração do sofrimento.

Ora, aquele que a encare pelo prisma da vida espiritual apanha, num golpe de vista, a vida corpórea. Ele a vê como um ponto no infinito, compreende-lhe a curteza e reconhece que esse penoso momento terá presto passado. A certeza de um próximo futuro mais ditoso o sustenta e anima e, longe de se queixar, agradece ao Céu as dores que o fazem avançar. [25]

               Com o ponto de vista modificado, entendemos a brevidade da vida humana e da duração do sofrimento que estamos suportando. Assim, compreendendo-lhe a importância reparadora para o nosso reequilíbrio espiritual, aceitaremos ele sem revolta.

Alegrai-vos, quando Deus vos enviar para a luta. Não consiste esta no fogo da batalha, mas nos amargores da vida, onde, às vezes, de mais coragem se há mister do que num combate sangrento, porquanto não é raro que aquele que se mantém firme em presença do inimigo fraqueje nas tenazes de uma pena moral. [26]

           Bezerra de Menezes, Espírito, através da psicografia de Francisco Cândido Xavier, diz-nos que antes, os mártires do Cristianismo sofriam nos circos para demonstrar ao mundo a glória da mensagem cristã. “Antigamente, dolorosa renunciação era exigida aos companheiros do Mestre Nazareno, de fora para dentro; agora, contudo, é a luta renovadora do santuário íntimo para o mundo externo”[27]. Hoje o circo que nos aguarda o sacrifício está dentro de nós, conclamando-nos o sacrifício de nosso orgulho e egoísmo no cotidiano: em nossa casa, com o parente difícil; no local de trabalho, com colegas que nos querem prejudicar ou com chefes tiranos... João Batista, patrono do Grupo de Caridade Deus, Luz e Amor, ao se referir a Jesus, disse que “é necessário que Ele cresça e que eu diminua”,[28] indicando-nos que os ideais de Jesus devem corporificar-se em nossas vidas, para que possamos dizer um dia, como Paulo de Tarso, que “já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus”[29].

           Lacordaire acrescenta, ainda:

quando vos advenha uma causa de sofrimento ou de contrariedade, sobreponde-vos a ela, e, quando houverdes conseguido dominar os ímpetos da impaciência, da cólera, ou do desespero, dizei, de vós para convosco, cheio de justa satisfação: “Fui o mais forte”. [30]

A questão que muita gente pode colocar-nos é: como sobrepor-se ao sofrimento ou à contrariedade? Através da utilização dos conhecimentos que são oferecidos pela Doutrina Espírita. Joanna de Ângelis recomenda-nos a educação da mente e a disciplina da vontade como passos iniciais para acabarmos com as causas das aflições. “O recolhimento interior, mediante análise profunda dos recursos ao alcance, favorece o homem para que encontre os meios que fazem cessar o sofrimento”[31]. Suas indicações vão de encontro às propostas dos Espíritos Superiores que se comunicaram com Allan Kardec e que estão presentes em “O Livro dos Espíritos”. Na questão 919 Kardec indaga aos Espíritos “qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal”[32], ao que as Inteligências Superiores respondem: “Um sábio da antiguidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo.[33]” Só aquele que se conhece é capaz de reformar-se. Só aquele que se conhece é capaz de diagnosticar, em si, o que precisa melhorar. Nós somos os condutores e os construtores dos nossos destinos. Alguém tomaria um remédio prescrito por um médico que não o examinou? Não há perspectiva de evolução moral para nós se não tomarmos as rédeas dos nossos destinos e agirmos com consciência. Para isso, necessitamos conhecermo-nos. E isso só o fazemos se analisamos nossa conduta. Será que temos consciência de todos os defeitos que temos? Como escolher o remédio, se não sabemos a doença? Então, é urgente pensar-nos. Ainda em “O Livro dos Espíritos”, Kardec pergunta às Entidades Esclarecidas: “Poderia sempre o homem, pelos seus esforços, vencer as suas más inclinações?[34], ao que elas respondem: “Sim, e, frequentemente, fazendo esforços muito insignificantes. O que lhe falta é a vontade. Ah! Quão poucos dentre vós fazem esforços!”[35]. Mais adiante, na resposta à questão 911, os Espíritos Superiores acrescentam que muitas pessoas dizem que tem vontade, mas ela está apenas em seus lábios. “Quando o homem crê que não pode vencer as suas paixões, é que seu Espírito se compraz nelas, em consequência da sua inferioridade”[36]. Ou seja, educação da mente e disciplina da vontade são antídotos fundamentais para que não venhamos, novamente, a cometer erros que, caso concretizados, se constituirão em matrizes para sofrimentos futuros.

Lacordaire conclui sua mensagem proclamando: “Bem-aventurados os que têm ocasião de provar sua fé, sua firmeza, sua perseverança e sua submissão à vontade de Deus, porque terão centuplicada a alegria que lhes falta na Terra, porque depois do labor virá o repouso”[37]. Ou seja, vale à pena nos esforçarmos para levarmos a bom termo o sofrimento ou a dificuldade pela qual estejamos passando. É uma conta a menos a acertar e uma conquista valorosa para nós.



[1] “A semente de mostarda”. Disponível em: http://www.maisbelashistoriasbudistas.com/mostarda.htm Último acesso em 8 de Setembro de 2017.
[2] Idem.
[3] Idem.
[4] Idem. Grifos meus.
[5] KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Rio de Janeiro: FEB, 2004, p. 123.
[6] Idem, p. 115.
[7] Mateus 7:11.
[8] DENIS, Léon. O Problema do ser, do destino e da dor. Rio de Janeiro: FEB, 1999, p. 372.
[9] XAVIER, Francisco Cândido. “Em casa”. Disponível em: http://www.forumespirita.net/fe/reencarnacao/ninguem-foge-a-lei-da-reencarnacao/#.WbLfa7KGPcd Último acesso em 8 de Setembro de 2017.
[10] Idem.
[11] XAVIER, Francisco Cândido. Vida e Sexo. Rio de Janeiro: FEB, 1999, p. 83.
[12] Idem, p. 43.
[13] FRANCO, Divaldo Pereira. Plenitude. Salvador: LEAL, 1994, p. 42. Grifos meus.
[14] XAVIER, Francisco Cândido. Contos e Apólogos. Rio de Janeiro: FEB, 1995, p. 32.
[15] Idem.
[16] Idem, p. 33.
[17] Idem, p. 33 e 34.
[18] KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, op. cit., p. 123.
[19] SIMONETTI, Richard. A voz do monte. Rio de Janeiro: FEB, 2003, p. 21.
[20] Idem.
[21] KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, op. cit., p. 123.
[22] Idem, p. 446.
[23] Idem.
[24] 2 Timóteo 4:7.
[25] KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, op. cit., p. 120.
[26] Idem, p. 124.
[27] XAVIER, Francisco Cândido. “Código divino”. Disponível em:  http://bibliadocaminho.com/ocaminho/TXavieriano/Livros/Bcv/Bcv48.htm Último acesso em 8 de Setembro de 2017.
[28] João 3:30.
[29] Gálatas 2:20.
[30] KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, op. cit., p. 124.
[31] FRANCO, Divaldo Pereira. Plenitude, op. cit., p. 43 e 50.
[32] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro: FEB, 1995, p. 423.
[33] Idem.
[34] Idem, p. 418.
[35] Idem.
[36] Idem.
[37] KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, op. cit., p. 124.