"Não sei se o mundo é bom
Mas ele está melhor
desde que você chegou
E perguntou:
Tem lugar pra mim?"
Mas ele está melhor
desde que você chegou
E perguntou:
Tem lugar pra mim?"
(Nando Reis - Espatódea)
Confesso que não era muito familiarizado no trato com as crianças, de maneira geral. A Evangelização na instituição espírita me ajudou demais nisso. Certo domingo de 1999, provavelmente no final de Fevereiro ou no início de Março, jogava futebol numa praça próxima de casa. Meu time perdeu, fiquei de fora do jogo. Havia muita gente para jogar ainda. Ficaria um bom tempo esperando minha vez novamente. Lembrei-me, então, que no Centro estava recomeçando a Evangelização, em seu segundo ano, agora com maior número de crianças. Sessenta, se não me falhe a memória. No ano anterior foram 6 ou 7... Grande diferença! Visitei. As amigas Evangelizadoras não estavam, ainda, adaptadas à realidade nova. Fiquei para ajudar. Estou até hoje.
Notei, com o tempo, que desenvolver a amorosidade com os
evangelizandos me facilitava sobremaneira a prática da Evangelização, além de
torna-la mais humana, próxima à realidade das crianças e mesmo da proposta de
amor formulada por Jesus. Neste esforço, contei com dois reforços de peso, a
meu ver (e em ordem de “chegada” em minha vida): Antônio Gonçalves e Paulo
Freire. Com eles, aprendi a externar essa amorosidade necessária no trato com
as criaturas humanas. Passei a amar as crianças.
A partir do serviço de Evangelização, passei a agasalhar,
no íntimo, a vontade de ser pai. E ser pai de uma menina. Sempre me cativou a
meiguice delas, ainda que algumas de nossas meninas externassem-na junto com
alguma agressividade, a qual, lamentavelmente, estavam acostumadas.
Eis que no dia 10 de Maio deste ano recebo uma notícia
que mudou toda minha vida... Serei pai! Na hora, desnorteado, caminhei pela
casa. Minha cabeça girava como um redemoinho. E de uma menina! Coração descompassado
de um misto de alegria e angústia, pelo novo desafio que se desenhava: a
paternidade à distância. Amigos, não foi fácil! O início, os dias imediatos...
Que digo! Até bem pouco tempo, meu coração andava oprimido com isso. Comecei a
ficar tranquilo na tarde do dia que estava programada a cesariana, dia 25 de
Julho. Assim,
nesta data, minha vida ficou mais feliz. De Deus recebi uma flor que me deixou
a vida mais bonita. À semelhança do Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry,
amo uma florzinha que está longe. Chama-se Jovita, nome escolhido pela mãe que
quer dizer “energia”. Em Outubro, com a graça de Deus, a terei nos braços, lá
no seu país.
A Deus, agradeço a benção da paternidade, rogando-lhe
forças para desempenhá-la nobremente, a despeito dos desafios que a vida nos
coloca. Amor a Jovita não faltará. Meu coração é dela.