sábado, 23 de janeiro de 2010

Haiti: dor e redenção


A tragédia que abateu-se sobre o país mais pobre (materialmente) do continente americano comove-nos profundamente. Um povo historicamente sofrido, afligido pelos males da escravidão e por ditaduras, onde a miséria campeia passa, presentemente, pelo seu maior desafio. Que digo! Maior desafio somente do Haiti? E nós? O que temos nisso?

Tem gente que acha que não tem nada com isso. Não mora lá, portanto,  se "compadece" com o sofrimento dos haitianos, mas fica, confortavelmente, na sua poltrona diante da TV, ou no seu trabalho, vivendo a vidinha de todos os dias. Como diria o autor de O Eclesiastes, "correndo atrás do vento". Muitos dizem, até com propriedade: "Já temos nossas misérias, nossas catástrofes! Vejam o que ocorreu em Angra dos Reis. Olhem o que causam as chuvas nos centros urbanos. Temos miséria por aqui também. Estão todos certos, sem dúvidas. Entretanto, depois de nos lembrarem da nossa realidade, voltam-se para seus "mundos particulares", também indiferentes a dor do semelhante.

O que temos feito para mitigar os sofrimentos terríveis que estão passando os haitianos, nossos irmãos? Sei que os portadores de preconceitos de raça (pasmem, eles existem!), bem como os de classe (esses existem, mas negam sua existência) sentirão arrepios ao lerem semelhante afirmativa. Alguém pode mandar algum tipo de ajuda? Um bom pensamento, uma prece que seja, tão importante aos olhos de Deus, a quem dizemos amar... Alguém?

Já repararam que a cerca, como a fronteira, foram invenções humanas? Já viram, porventura, alguma cerca "natural"? Alguma fronteira traçada pela natureza? Não me venham falar em montanhas ou oceanos, neste mundo conectado e interligado. Para os projetos de dominação, as velocidades e as distâncias inexistem. Para ajudar não pode ser assim? 

Vivemos, presentemente, uma oportunidade histórica. Isso mesmo, histórica! Oportunidade de nos redimirmos um pouco com os povos, nossos irmãos, que passam por misérias atrozes, misérias que foram alimentadas, no tempo, por estes mais poderosos, usurpadores dos suores e das riquezas alheias. A opinião pública mundial já pressiona os governantes a reverem as políticas de desenvolvimento com relação a poluição que geram. Não vai sobrar planeta para as próximas gerações, se é que o teremos para nós! Esta opinião pública (pública mesmo!) deveria voltar os olhos, neste instante, e exigir, dos governantes dos países do mundo, que voltem seus esforços para reerguerem, com decência, o Haiti, sempre tão explorado e sofrido. Vamos, da maneira que for, multiplicar os sorrisos que, apesar de tudo, insistem em sorrir...